Caos e destruição por causa das chuvas têm um só culpado: o poder público. O aquecimento global é "inocente".

“Estamos na época das chuvas. Todo ano isso se repete. Um ano mais intenso, outro menos. Mas não posso falar que isso é mudança climática. Estamos vivendo dias quentes como todo verão, em média 34 graus. 


Como se vê, a situação é caótica e não adianta culpar o aquecimento global. Ambientalistas alertam que os problemas são gerados pela própria postura da população e seus governantes, e não apenas pela intensidade das manifestações naturais. Para os meteorologistas, é necessário que no decorrer do ano haja campanhas para alertar sobre áreas de risco, mudanças na infra-estrutura da cidade, limpeza constante, entre outras medidas. Sem isso, garantem, os desastres irão continuar.
Para evitar as chuvas nada pode ser feito. Mas para evitar os desastres, é necessária a atuação constante das defesas civis municipais. Segundo ele, é dever dessas repartições analisar durante o ano as situações de risco, com o objetivo de orientar e melhorar as condições de vida das pessoas que vivem nessas condições, evitando assim possíveis desastres.



Apesar da resistência de vários setores que buscam justificar o aumento de chuvas ao aquecimento global, os debates sobre o assunto não cessam. Entretanto, grande parte dos especialistas alerta que é precoce afirmar que as chuvas que atingiram o Sul e o Sudeste do País sejam conseqüência do Efeito Estufa.
Conclusões à parte, o fato é que a população está sentindo que as chuvas estão a cada ano mais intensas, seja pela força, pelo volume de água ou mesmo pelo curto período em que as ruas trocam de cara e viram praticamente rios, restando, desta forma, aos municípios se organizarem. Afinal, com ele, fenômenos semelhantes vão acontecer. A chuva, alertam os especialistas, não há como ser detida, mas há, sim, como cobrar do poder público medidas preventivas tanto na estrutura das cidades como na área da Saúde, evitando mortes.
Não culpe a NATUREZA, afinal, quem não sabe escuta-la é você.
Culpam-se pessoas que ocuparam áreas de risco, incriminam-se políticos corruptos que distribuíram terrenos perigosos a pobres, critica-se o poder público que se mostrou leniente e não fez obras de prevenção, por não serem visíveis e não angariarem votos. Nisso tudo há muita verdade. Mas nisso não reside a causa principal desta tragédia avassaladora.
A causa principal deriva do modo como costumamos tratar a natureza. Ela é generosa para conosco, pois nos oferece tudo o que precisamos para viver. Mas nós, em contrapartida, a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação nem lhe damos alguma retribuição. Ao contrário, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício. E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos.
Pior ainda: nós não conhecemos sua natureza e sua história. Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos. Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas, os rios, as paisagens, as pessoas significativas que aí viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores.


Somos, em grande parte, ainda devedores do espírito científico moderno que identifica a realidade com seus aspectos meramente materiais e mecanicistas sem incluir nela, a vida, a consciência e a comunhão íntima com as coisas que os poetas, músicos e artistas nos evocam em suas magníficas obras. O universo e a natureza possuem história. Ela está sendo contada pelas estrelas, pela Terra, pelo afloramento e elevação das montanhas, pelos animais, pelas florestas e pelos rios. Nossa tarefa é saber escutar e interpretar as mensagens que eles nos mandam. Os povos originários sabiam captar cada movimento das nuvens, o sentido dos ventos e sabiam quando vinham ou não trombas d’água.  Chico Mendes com quem participei de longas penetrações na floresta amazônica do Acre sabia interpretar cada ruído da selva, ler sinais da passagem de onças nas folhas do chão e, com o ouvido colado ao chão, sabia a direção em que ia a manada de perigosos porcos selvagens. Nós desaprendemos tudo isso. Com o recurso das ciências lemos a história inscrita nas camadas de cada ser. Mas esse conhecimento não entrou nos currículos escolares nem se transformou em cultura geral. Antes, virou técnica para dominar a natureza e acumular.
No caso das cidades serranas: é natural que haja chuvas torrenciais no verão. Sempre podem ocorrer desmoronamentos de encostas.  Sabemos que já se instalou o aquecimento global que torna os eventos extremos mais freqüentes e mais densos. Conhecemos os vales profundos e os riachos que correm neles. Mas não escutamos a mensagem que eles nos enviam que é: não construir casas nas encostas; não morar perto do rio e preservar zelosamente a mata ciliar. O rio possui dois leitos: um normal, menor, pelo qual fluem as águas correntes e outro maior que dá vazão às grandes águas das chuvas torrenciais. Nesta parte não se pode construir e morar.
Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da mata atlântica que equilibrava o regime das chuvas. O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser de cada encosta, de cada vale e de cada rio.
Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais. Caso contrário teremos que contar com tragédias fatais evitáveis.

Pense, repense e pense de novo, antes de destruir aquilo que tem tudo a te oferecer do bom e do melhor.

Que fiquemos em paz e que DEUS ajude a todos que estão passando por essa tragédia.