A culpa não é somente da chuva.

Políticos costumam lembrar que são responsáveis por ocupações desordenadas somente quando acontecem tragédias como as que vem ocorrendo no Rio de Janeiro, Niterói ou Salvador. As desculpas são as piores possíveis: "Se eu soubesse dos riscos eu teria tomado providências!" ou "Nenhuma cidade está preparada para chuvas assim".

Dá pra engolir isso? Quando vemos imagens de desabamentos provocados pela chuva quase sempre vemos bananeiras nesses locais. Essa planta não ajuda a segurar o solo em caso de chuvas. Diversas espécies de árvores cumpririam muito bem este papel. A erosão é um processo natural, mas o homem consegue "sem querer" acelerar o fenômeno de maneira alarmante.Mas a dimensão poderia ter sido bem menor se houvesse uma política de prevenção, manutenção e de ação para socorrer as vítimas.

Tudo isso parece faltar. Mas numa hora dessas é preciso observar as reações da sociedade quando se fala em retirar as pessoas das zonas de risco e colocá-las em condições dignas de moradia.

Projetos importantes para as populações de baixa renda, e sua inclusão também irá reduzir a quantidade de tragédias nas chuvas que costumam abalar periodicamente a cidade. Mas setores da política brasileira tratam o PAC, programa que congrega estas obras, como peça de ficção e anunciam o seu fim caso cheguem ao poder.

A mídia aliada a esses segmentos também detona o programa, como fez o Estadão em editorial contra o PAC 2: “A maior parte do programa não passa de um amontoado de restos do PAC 1, de promessas destinadas a seduzir uma parte do eleitorado urbano: mais casas, transporte, água, luz, saneamento e outros serviços essenciais. Anunciaram-se 2 milhões de moradias, o dobro do número previsto no programa Minha Casa, Minha Vida, ainda quase todo no papel.”

E não é exatamente isso que se quer? Ou os serviços essenciais só devem se destinar a uma parte da população. O PAC 2 tem entre seus projetos o Cidade Melhor, com o objetivo de enfrentar os principais desafios das grandes aglomerações urbanas e prevê 57 bilhões de reais para obras de saneamento, contenção de encostas e drenagem.

Um projeto como esse deveria ser saudado e a sociedade convocada a acompanhá-lo de perto para que cumpra os seus objetivos e não fique no papel, como afirma o editorial. A sua não realização seria uma perda para as metrópoles brasileiras que agonizam com a falta de mobilidade urbana, a violência e a exclusão social. Se nada for feito, na próxima chuva será a mesma tragédia.

Vibrações positivas a todos aqueles que passam necessidade por conta dessas tragédias.

1 comentários:

Anônimo disse...

Além de tudo isso que citou, passamos pelo desconforto de receber em nossos celulares, de assistir em nossos televisores, emails e tal, mensagens que comovem a gente sobre as tragédias ocorridas pelas chuvas pedindo a nossa contribuição (em "verba") pros desabrigados. Como se não soubéssemos que esse dinheiro nunca chega aos sofridos, e sim vai pro bolso daqueles que fizeram a "indevida" solicitação.
Ajudar fazendo doações com roupas, alimentos etc é o que devemos fazer. Aqui em Salvador, estão recebendo as doações na CODEBA. Essa sim é uma solicitação honesta e que devemos ajudar!